quinta-feira, 25 de julho de 2013

Terra - 'Chiquititas' escorrega na pouca naturalidade do elenco infantil.


O público infantil se tornou a galinha dos ovos de ouro para o SBT. Com o sucesso de Carrossel, a emissora comprovou que investir nas crianças pode ser bem lucrativo. Não tanto pelo crescimento na audiência – que registra a boa média de 15 pontos. Mas, principalmente, pelas possibilidades comerciais que a trama abriu com produtos licenciados. E Chiquititas, que estreou no último dia 15 de junho, segue a mesma linha. Também adaptada por Íris Abravanel, a novela deixa claro, logo nos primeiros instantes, que o canal de Silvio Santos aposta alto no folhetim. O que fica ainda mais evidente pelo cuidado que a produção demonstra com a cenografia. Todos os ambientes em estúdio são detalhadamente pensados. O quarto das meninas é repleto de cores e mobílias divertidas, bem do jeito que muitas crianças gostariam de ter. Igualmente belo é o Café Boutique, com decoração e tons harmoniosos. O que contrasta com o equilíbrio cenográfico, no entanto, é a atuação. As atrizes mirins do orfanato em que se passa a maior parte da história, de uma maneira geral, não têm naturalidade. Volta e meia, falam com um injustificado "sorriso de orelha a orelha". Não é porque são crianças que não precisam convencer em suas interpretações. Fica a impressão de que o SBT estava com tanta pressa de colocar no ar mais uma novela para o público infantil que não teve tempo de fazer uma seleção criteriosa do elenco. Mesmo assim, os pequenos são carismáticos a seu modo. O que parece ser a vantagem de se trabalhar com criança: apesar de deixarem a desejar em aspectos técnicos, elas continuam bonitinhas. Mas justamente essa falta de esmero com as atuações pode ser um empecilho para que a novela atinja um público mais abrangente. Como, por exemplo, as mães, que provavelmente não terão paciência para assistir à trama ao lado de seus filhos. Já o mau desempenho de parte do núcleo adulto não pode se esconder atrás da pouca idade ou jeitinho meigo. Talvez por ainda estar no início dos trabalhos, alguns não tenham encontrado o tom de seus personagens, como Guilherme Boury. Na pele de Júnior, o ator se mostra um pouco travado. Mas, apesar de carioca, apresenta um sotaque paulistano condizente com o papel. O que demonstra sua dedicação com o atual trabalho. Manuela do Monte como a mocinha Carolina está correta, sem muitas ousadias. O grande trunfo da novela parece ser Carla Fiorini, que vive Ernestina. Interpretando a temida inspetora do orfanato, a atriz consegue equilibrar a comicidade da personagem com a função de vilã entre as crianças.

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